
1. O que é?
1.1. O Espírito Santo vem através do Batismo e nos concede as virtudes da fé, da caridade e da esperança. No sacramento do crisma (ou confirmação), recebemos, de forma mais solene, os sete dons do Espírito Santo. E também nos são consedidos os frutos do Espírito Santo, que são "resultados" de quem tem uma vida que segue os ensinamentos e mandamentos.
1.1.1. Segundo o parágrafo 1832 do Catecismo da Igreja Catolica: "Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós, como primícias da glória eterna. A tradição da Igreja enumera doze: «caridade, alegria, paz, paciência, bondade, longanimidade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade» (Gl 5, 22-23 segundo a Vulgata)."
1.2. Segundo o parágrafo 1830 do Catecismo da Igreja católica: "A vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo. Estes são disposições permanentes que tornam o homem dócil pata seguir os impulsos do mesmo Espírito".
1.3. Ou seja, são "talentos" que fazem parte da vida do cristão e ajudam ele a seguir o caminho de Deus, levando a uma vida de liberdade e felicidade. Recebemos durante o sacramento da crisma, também conhecido como confirmação, o bispo reza pedindo a Deus que envie o Espírito Santo Paráclito e seus dons, com isso recebemos os dons do Espírito Santo.
1.4. Paráclito quer dizer advogado, defensor e orientador.
2. Quais são?
2.1. Segundo o parágrafo 1831 do Catecismo da Igreja católica, são sete dons do Espírito Santo: Piedade, Temor de Deus, Fortaleza, Ciência, Entendimento, Conselho e Sabedoria.
3. O que significa cada um?
3.1. Temor de Deus
3.1.1. É o dom que é experiência do amor de Deus na vida dos fiéis, não é o dom de termos medo de Deus, mas de nos despertar o desejo de agradá-lo, decidindo obedecer a sua voz e moldar nossa vida segundo sua Lei, assim, nós o respeitamos e o consideramos nosso Senhor.
3.1.2. "O dom do temor de Deus nos leva a amá-Lo tão profundamente que tenhamos receio de ofendê-Lo. Nada tem a ver com o temor do mercenário ou o temor do castigo (do escravo); mas é o temor do amor do filho. É a rejeição que o cristão experimenta diante da possibilidade de ofender a Deus; brota das entranhas do amor. Não há verdadeiro amor sem este tipo de temor. Medo de ofender o Amado. Pelo dom do temor de Deus a vitória é rápida e perfeita, pois é o Espírito que move o cristão a dizer “não” à tentação. O dom do temor de Deus está ligado à virtude da humildade, que nos faz conhecer nossa miséria, impede a presunção e a vã glória, e assim, nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus. Ele se liga também à virtude da temperança; combate a concupiscência e os impulsos desordenados do coração, para não ofender e magoar a Deus." (Papa Francisco, 2014)
3.1.3. Exemplo: Imagine que em uma determinada situação e com ninguém vendo, temos a oportunidade de pegar um bem (carro, caneta, brinquedo, etc) de outra pessoa para nós, mas seguindo a Lei de Deus, neste caso o sétimo mandamento (não roubar), isso seria um roubo (e pecaríamos gravemente se fizéssemos isso), o dom do temor de Deus, nos levaria a deixar o bem no lugar e seguirmos a nossa vida.
3.1.3.1. *Lembrando que: para pecarmos gravimente teria que atender a 3 condições:
3.1.3.1.1. Saber que é pecado
3.1.3.1.2. Ter a vontade de fazer de livre e/ou expontânea vontade
3.1.3.1.3. Fazer
3.2. Fortaleza
3.2.1. É o dom que a coragem nascida de fé para nós enfrentarmos os desafios do dia a dia e da vida, com paciência, perseverança, coragem e silêncio.
3.2.2. "O dom da fortaleza nos dá força para a fidelidade à vida cristã, cheia de dificuldades. Jesus disse que “o Reino dos céus sofre violência dos que querem entrar, e violentos se apoderam dele” (Mt 11,12). Pelo dom da Fortaleza o Espírito Santo nos dá a coragem necessária para a luta diária contra nós mesmos, nossas paixões e problemas, com paciência, perseverança, coragem e silencio. Nos dá forças além das naturais. Esta força divina transforma os obstáculos em meios e nos dá a paz mesmo nas horas mais difíceis. Foi o que levou São Francisco de Assis a dizer: “Irmão Leão, a perfeita alegria consiste em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por nós”." (Papa Francisco, )
3.2.3. Exemplo: no trabalho, na escola e na faculdade, temos várias dificuldades que podem nos desviar do caminho de Deus, com o dom da fortaleza, temos a coragem de perseveramos no caminho de Deus e enfrentar essas dificuldades.
3.3. Ciência
3.3.1. É o dom que é a capacidade de redescobrir, recriar e reinventar caminhos de salvação e libertação. O conhecimento de Deus é imensamente superior a qualquer conhecimento humano, por isso esse dom nos concede ver a mão de Deus nos acontecimentos mais simples do cotidiano.
3.3.2. "O dom da ciência comunica-nos a faculdade de “saber fazer”, a destreza espiritual. Torna-nos aptos para reconhecer o que nos é espiritualmente útil ou prejudicial. Está intimamente unido ao dom de conselho. Este, move-nos a escolher o útil e a repelir o nocivo, mas, para escolher, devemos antes conhecê-lo. Por exemplo, se percebo que excessivas leituras frívolas estragam o meu gosto pelas coisas espirituais, o dom da ciência induz-me a deixar de comprar publicações desse tipo e inspira-me a começar uma leitura espiritual regular. [...] Esse dom também nos ensina a reconhecer melhor o significado do sofrimento e das humilhações que enfrentamos na vida, de modo a compreender que Deus tem um desígnio de salvação também por trás deles" (Felipe Aquino, 2015)
3.3.3. "O dom da ciência faz que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus; vê cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e como caminho a Deus. Leva o homem a compreender o vestígio de Deus que há em cada ser criado. O homem foi feito para Deus e só n’Ele pode descansar, como disse Santo Agostinho. Por este dom o cristão reconhece o sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus, que liberta e purifica o homem." (Papa Francisco, )
3.4. Conselho
3.4.1. É o dom que nos ajuda a ter clareza de como podemos proceder de maneira certa em situações que poderiam desviar do caminho que nos leva ao Céu, nos ajuda a diferenciar o que é certo ou errado, o que é bem ou mal e ajuda a orientar outras pessoas conforme o caminho que leva a Deus.
3.4.2. "O dom do conselho permite ao cristão tomar as decisões oportunas nas horas difíceis da vida, para que se comporte como verdadeiro filho de Deus. Isso, às vezes, exige coragem. Pelo dom do conselho o Espírito Santo nos inspira a maneira correta de agir no momento oportuno. “Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora […]” (Ecl 3, 1-8); fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno; nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir, dizer “sim” ou dizer “não”." (Papa Francisco, )
3.4.3. Exemplo: (COISA SÉRIA) se alguém pensa e tem a intenção de terminar a própria vida, o dom do conselho faz com que outra pessoa ajude a outra a desistir desta intenção; (Lembrando que, para Deus, ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém, inclusive a própria, somente Deus pode fazer isso)
3.5. Entendimento
3.5.1. É o dom que nos faz penetrar na vontade divina e nos capacita a compreender que ela nos traz a salvação, pois tudo que vem de Deus é infalível. Jesus sabia olhar o mundo ao seu redor e dar sentido a ele.
3.5.2. "O dom do entendimento ou inteligência nos ajuda a penetrar no íntimo das verdades reveladas por Deus e entendê-las. Por ele o cristão contempla os mistérios da fé. É um entendimento diferente daquele que o teólogo obtém pelo estudo; o que é penoso e lento. O dom da inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus. Por esse dom conhecemos os nossos pecados e a nossa miséria. Os santos, quanto mais se aproximaram de Deus, mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância de Deus." (Papa Francisco, )
3.5.3. Outra coisa: "O dom do entendimento mostra também o “horror, a hediondez do pecado” e a grandeza da miséria humana. Os santos, quanto mais se aproximaram de Deus, quanto mais foram santos, tanto mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância em relação Àquele que é três vezes Santo." (Felipe Aquino, 2015)
3.6. Sabedoria
3.6.1. É o dom que é um reflexo da luz de Deus em nós e a buscado verdadeiro conhecimento de Deus e de valores autênticos em nossa vida. Por esse dom, buscamos olhar o mundo aos olhos de Deus e reconhecer Nele a grandeza do Criador. Ele nos ajuda a entender a vontade de Deus e a compreender que ele sempre está nos guiando e também nos leva a conhecer a Sua vontade.
3.6.2. "O dom da sabedoria nos dá um conhecimento da verdade revelada por Deus. Abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe sob a luz de Deus, mostra a grandeza do plano do Criador e a sua onipotência. Vem da intimidade com o Senhor." (Papa Francisco, ).
3.7. Piedade
3.7.1. É o dom que é a busca persistente e perseverante na intimidade com Deus através de uma espiritualidade autêntica, nos faz com que tratemos as coisas de Deus como sagradas, a que sempre confiemos n'Ele e a entender o nosso lugar como filhos tratando Deus como Pai.
3.7.2. "O dom de piedade torna o cristão consciente de sua participação na família dos filhos de Deus. No mundo materialista, hedonista e distante de Deus, em que hoje vivemos, não são muitas as pessoas que vivem uma intimidade com Ele e que pautam sua vida segundo as santas leis do Senhor; não são muitas as pessoas fervorosas no cumprimento das Escrituras, da vontade de Deus e na busca dos valores eternos. O dom de piedade nos leva a amar Deus profundamente e viver em comunhão com Ele, desejando sempre fazer a Sua vontade. Às vezes, esse dom é mal entendido pelos que a representam de mãos juntas, olhos baixos e orações intermináveis. Nos leva a amar e reverenciar tudo que é de Deus: a oração individual, a oração litúrgica, a vida sacramental, a adoração ao Santíssimo Sacramento, a reza do santo terço, o desejo de pregar a Palavra de Deus, a meditação da Palavra, a leitura de bons livros, o zelo pelas coisas sagradas etc." (Felipe Aquino, 2015)
3.7.3. "O dom da piedade nos orienta em todas as relações que temos com Deus e com o próximo. São Paulo se refere a isso: “Recebestes o Espírito de adoção filial, pelo qual bradamos: Abbá ó Pai” (Rm 8,15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos adotivos de Deus, reconhecer Deus como Pai. E, pelo fato de reconhecermos Deus como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo. Este dom nos leva a considerar o fato de que Deus é sumamente santo e sábio: “Nós vos damos graças por vossa grande glória”. É o dom da piedade que leva os santos a desejar, acima de tudo, a honra e a glória de Deus. “Para que em tudo seja Deus glorificado”, diz São Bento. E Santo Inácio de Loiola exclama: “Para a maior glória de Deus”. É também o dom da piedade que desperta no cristão a inabalável confiança em Deus Pai, como, por exemplo, Santa Teresinha. Este dom leva o cristão a ver o outro como irmão e a amá-lo como filho de Deus." (Papa Francisco, )